A Origem da Educação Ativa
Para contar sobre a origem da Educação Ativa, como ela acontece na prática e quais suas vantagens para os alunos, temos que falar sobre o professor Afonso Andrade, seu organizador.
O Professor Afonso Andrade, antes de fundar o colégio de mesmo nome, trabalhou por mais de 10 anos em vários colégios de Fortaleza/CE lecionando física, entre as décadas de 1980 e 1990, no ensino médio e cursinhos de preparação para o vestibular. foi dessa experiência profissional que nasceu o desejo de ter seu próprio colégio, onde pudesse colocar em prática tudo o que aprendeu e acrescentar novas práticas pedagógicas que facilitassem a aprendizagem dos alunos.
Chegou a ser professor de cerca de setecentos alunos simultaneamente, em diversas escolas, bairros e condições sociais. Foi quando conheceu seu aluno Felipe, que lhe chamou atenção por suas médias finais altas com muitos dez em todas as matérias e por ser medalhista na Olimpíada Brasileira de Matemática.
Certo dia, numa conversa, perguntou:
- Felipe, qual é o segredo de tantos dez?
Felipe respondeu:
- Não tem segredo.
- Sim, deve ter alguma coisa que você faz.
- Professor, eu estudo para assistir aula.
- Como assim?
- Quando vou assistir a sua aula é só pra tirar minhas dúvidas, pois eu estudo toda a matéria antes das aulas.
Essa conversa, na hora, deu-lhe uma pista, mas ficou guardada. Até quando o professor Afonso Andrade, formado em Engenharia Química, foi fazer uma especialização em engenharia têxtil. Ele, na época casado e trabalhando numa indústria têxtil, viu-se sem tempo para estudar. Foi quando se lembrou do Felipe que estudava para assistir aula e tirar suas dúvidas diretamente com os professores e de quebra ainda ensinava seus colegas.
Então, resolveu seguir o exemplo de seu aluno. Todos os dias, no ônibus da empresa, por cerca de uma hora de viagem, estudava antecipadamente todos os conteúdos da aula que seus professores iriam ministrar à noite. Quando chegava nas aulas da pós-graduação, tudo que seus professores apresentavam parecia tão fácil, ficando apenas a tarefa de tirar as dúvidas e ensinar os colegas.
E quanto às médias finais em todas as matérias? Vieram os excelentes na engenharia têxtil, e as notas 10 na administração escolar, sua segunda pós-graduação. Observando ainda os melhores estudantes de turmas especiais de preparação para vestibulares e olimpíadas, verificou comportamento semelhante. Então, EUREKA! Por que não transformar todos os alunos do colégio em alunos olímpicos especiais? Foi assim que surgiu a Educação Ativa. Uma forma de democratizar excelentes resultados acadêmicos.
O professor Afonso Andrade levou ainda vários anos de pesquisas até sistematizar, registrar e implantar a Educação Ativa no seu próprio colégio. Hoje, essa pedagogia está em pleno funcionamento desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
As pesquisas acadêmicas recentes voltadas para a área da educação vieram confirmar a eficácia das metodologias ativas, como a sala de aula invertida, aprendizagem baseada em problemas, aprendizagem baseada em projetos, design thinking entre outras. Vários casos dessa forma de aprender e ensinar foram surgindo no mundo inteiro, como o caso da Finlândia, país sempre classificado entre os primeiros colocados na prova internacional PISA, que adota a metodologia ativa denominada aprendizagem baseada em evidência. Hoje, a literatura sobre as metodologias ativas já é muito vasta e os casos práticos já se espalham pelo mundo, marcando assim a Educação do século XXI.
Os Fundamentos da Educação Ativa
Pesquisando as práticas de estudos de alunos brilhantes e recentes descobertas das neurociências, foi que compreendi como ocorre o processo de aprendizagem. Esse estudo me deu a fundamentação para a elaboração das estratégias de ação da Educação Ativa. Agora vou compartilhar um pouco com você, para que possa também se beneficiar e melhorar seus resultados acadêmicos. O primeiro passo é entender como nosso cérebro registra o conhecimento. O segundo é como fazer para lembrar o que foi estudado. Para tanto, veremos como nosso cérebro funciona em termos de aprendizagem. Dividiremos, didaticamente, o cérebro em duas regiões: o consciente e o inconsciente. O consciente é a parte do raciocínio lógico, com ele você domina seu corpo, sabe onde está e o que faz, ele é a porta de entrada dos novos conhecimentos. O inconsciente é responsável pelo seu lado emocional e memórias de longo prazo, mas não temos controle direto sobre essa parte. Uma prova de que não temos o domínio efetivo sobre nossas emoções é que, quando nos contam uma história, nos emocionamos, sorrimos ou choramos, mesmo que tentemos manter o controle. Nossas memórias estão lá, embora pareçam esquecidas.
Por: Afonso Andrade
O dicionário diz que aprender é: “v.t. e v.i. 1. Alcançar ou conseguir conhecimento, cognição, educação ou especia- lidade através da experiência ou do estudo; formar-se; ...”. Então, como fazer isso? Vimos que a porta de entrada do conhecimento é o consciente, local sede do raciocínio lógico. Então, quando entramos em contato com o novo conhecimento vamos usar o consciente, e o que devemos fazer é:
1. Questionar: o que estão me contando faz sentido?
2. Em que contexto essa ideia foi produzida? Com que intenção?
3. Como as partes dessa história se relacionam? Qual a lógica?
4. Qual a ideia principal? Ela se apoia em que argumentação?
5. O que sei a respeito confirma ou nega o que está sendo dito? Será ou não verdade?
O consciente é responsável por pegar o novo conhecimento, como se fosse uma peça de um quebra-cabeça, identificar, classificar e conectar à nossa base de conhecimento, fazendo com que a nossa visão do mundo se amplie. Dessa forma, o novo conhecimento ficará registrado em nossa memória de longo prazo. Ou seja, para guardar na memória de forma definitiva, devemos entender. Jamais tentar "decorar" coisas sem significado. Portanto, quando estamos procurando aprender, nossa preocupação deverá ser ENTENDER, verificar a validade da nova informação, sua lógica e relacionarmos ao que já sabemos sobre o assunto. Este é o segredo de aprender e nunca mais esquecer. Jamais tente decorar coisas sem sentido, pois serão esquecidas com o tempo.
Quanto mais informações e conexões você faz com o objeto de estudo mais esse conhecimento será fixado na sua memória de longo prazo. Então, o segundo passo após entender é repetir ou usar muitas vezes os conhecimentos, resolvendo desafios onde ele pode ser aplicado.
Ok! E como faremos para nos lembrar? Lá no início, dissemos que nossas memórias ficam arquivadas no inconsciente e parecem esquecidas. Exato, por estarem numa região do cérebro que não temos controle direto, nossas memórias parecem inacessíveis. Mas só parecem. Você concorda que basta começarmos a falar sobre um determinado assunto que alguém sempre salta com a seguinte frase “por falar nisso, me lembrei...”. Aí está a chave para abrirmos o cofre onde estão nossas memórias, é só puxar o assunto e dá um tempo que as lembranças começam a aparecer como mágica. Mas não é mágica, o nome é “gatilho mental” e ele está disponível para todos nós a qualquer momento. Quanto mais você usar as informações que estão armazenadas no seu cérebro mais facilmente você conseguirá se lembrar do que estudou. Uma dica: Procure ensinar às pessoas o que você aprendeu e aí se tornará um gênio no assunto.
Em resumo, quer aprender? Então procure entender a lógica e a veracidade do que você está estudando. Quer ter uma memória excelente? Fale sobre o que aprendeu, discuta o assunto com outras pessoas, escreva resumos, e, principalmente, compartilhe seus conhecimentos, ensine a alguém o que você acabou de aprender. Ah! Se sua tarefa for ensinar, então, organize o assunto que irá expor, faça uma explanação lógica e com exemplos que confirmem a veracidade da informação. Em seguida, peça a pessoa que lhe explique, com as palavras dela, o que ela entendeu sobre o assunto estudado. Então, usando uma outra abordagem, explique novamente as partes do estudo que ela não conseguiu entender de forma satisfatória. Faça novas perguntas e peça novas explicações, até que fique claro que a pessoa entendeu na íntegra tudo o que lhe foi explicado. Desejo a você sucesso em seus estudos e na nobre tarefa de ensinar. É ensinando que mais aprendemos!
Essa postura ativa do aprendiz diante de novos conhecimentos é a alma da Educação Ativa. Essas estratégias pedagógicas criam situações e oportunidades para que os estudantes sejam capazes de alcançar os resultados extraordinários dos alunos brilhantes.
Foi entendendo os mecanismos que o nosso cérebro usa para aprender que a Educação Ativa foi sistematizada. Dessa forma, ela torna a aprendizagem fácil, interessante e natural. Fazendo com que o aluno desenvolva todas as competências para aprender, ensinar e colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos em sua vida acadêmica.